27 de novembro de 2010


Capítulo XIII

Acordei cedo, vesti meu roupão rosa bebê e desci contente. Na cozinha, um grande banquete e pais sorridentes esperavam por mim. Sim, eu conhecia aquela animação. Aquelas expressões queriam dizer "Filhinha, é hoje!". E aí, me abraçaram tão forte que quase me sufocaram.
- Parabéns minha querida! Um ano mais mais velha, um ano mais mulher! Como o tempo passa!
- Obrigada mãezinha. Discurso diferente esse ano, hein?
Rimos e ela me abraçou novamente. É uma piada que temos todo ano, pois, todo ano ela diz o mesmo. Mais um ano, como o tempo passa, blá blá.
- Ei princesinha! Dê um abraço no seu pai! Mais velhinha então?
- Paizinho lindo! Acho que está na hora da princesinha abandonar o cargo. Aliás, um ano faz diferença, não é?
Ele bagunçou meu cabelo e contou a piada do dia. Foi divertido. Comemos e eu subi tomar meu banho. Vesti a saia pregueada cinza do uniforme, com um suéter fino branco, um lenço azul turquesa e um sapato preto fechado. Prendi meu cabelo em um coque desarrumado, coloquei um par de brincos de pérola. Um pouco de pó compacto, sombra iluminadora, rímel e blush rosado. Peguei minha bolsa, e desci correndo para o taxi.
Cheguei ao colégio e vi algumas convidadas pelos corredores, com sorrisos de orelha a orelha vindo me parabenizar. Pareciam ter tomado ao menos seis litros de café cada uma, pois estavam exageradamente animadas. Fui até a sala de aula, assisti a duas aulas e saí mais cedo, para buscar as fantasias que encomendei com a costureira da família.
- Clotilde, elas ficaram um amor e acho que as medidas ficaram perfeitas! Obrigada mesmo, mande a conta para meu pai e ele te pagará ainda hoje.
Saí da costureira bem contente com o resultado, e queria muito ir para casa e provar todas logo, para confirmar. E quando cheguei foi exatamente o que fiz. As fantasias caíram como uma luva, perfeitamente bem. Depois disso almocei rapidamente, fui levar o Brownie para o Pet Shop, fui ao salão, fiz mão e pé, hidratação no cabelo e uma excelente limpeza esfoliante de pele com cremes naturais refrescantes.
Saí de lá no finalzinho da tarde, e já fui direto para casa. Chamei um amigo cabeleireiro e maquiador para terminar com a produção, e em três horas estava totalmente pronta. Com a primeira fantasia, de chapeuzinho vermelho, entrei na limousine com alguns de meus amigos. Entre eles, Valery, Moni, David, Zac, Ashlee e Tyle. Não existe after party? Para nós existe pro party! Um pouco de vinho com músicas no último volume.

22 de novembro de 2010

Capítulo XII

E chegou o dia da entrega dos convites. Um dia esperado por todos, mas bom somente para alguns, aliás, minha lista era realmente extensa, entretanto nem todos teriam a sorte de serem convidados. Cheguei ao colégio e logo se formou uma rodinha ao meu redor.
Chamei pela Moni e escutei uma resposta em meio a pequena lotação dos corredores.
- Pode me ajudar a entregar os convites da minha festa?
- Ai meu deus! Os convites da festa do ano! Mas é claro que eu ajudo!
- Obrigada! No intervalo, estamos atrasadas para a aula.
No intervalo andamos de um lado para o outro no refeitório, seguidas por olhares curiosos e ansiosos. Depois de termos entregue todos os convites das felizardas de nosso colégio, propus que fôssemos embora mais cedo e aproveitássemos para comprar as melhores fantasias das lojas da região, e mais tarde, na saída do colégio de meninos entregarmos mais uma parte dos lindos envelopes de cor creme e letra dourada.
Vocês sabem como ficam essas lojas antes de uma grande festa à fantasia? Saímos e, Ashlee, Valery, Allice e Lindsay vieram conosco. Ao entrarmos em uma loja, tive um acesso de alergia, em meio a aquelas fantasias velhas e paradas nos cabides. Não iria usar uma fantasia daquelas de jeito nenhum, não mesmo. Mas minhas amigas pareciam ter encontrado algo.
Valery estava segurando uma fantasia de Minnie Mouse, Ashlee já optou por uma de pirata, Monique quis uma de policial e Allice, uma de fada Sininho. Já Lindsay, que estava querendo conquistar um menino engraçado da turma de Phillip, optou por uma de donuts. Bem, até acho que pode funcionar, porque ela arrancará muitas risadas dos convidados.
Acho que eram até bonitinhas, exceto a de donuts, mas eu queria algo que não me fizesse espirrar e sair com o nariz vermelho em todas as fotos. Elas acabaram levando e depois fomos tomar um cappuccino em uma cafeteria cafeteria próxima dali.
- Kat, o que todas estão dizendo é verdade? Você não vai mesmo convidar a Kayla?
- Ela estaria em minha lista se não tivesse traído completamente minha confiança. Antes qualquer uma, até minha pior inimiga, menos ela Lindsay.
- Bem, eu sei. Mas eu soube por aí que Kayla estava combinando uma surpresa para você, com alguém, há muito tempo. Foi toda a fofoca que eu consegui captar, mas parecia surpresa grande.
- O que será que ela estava inventando? Bem, se curiosidade nunca matou ninguém até hoje, continuo muito bem. Ela não vai entrar na lista, em hipótese alguma.
Bem, depois de muitos olhares surpresos, risadas e fofocas saímos da cafeteria e fomos em direção ao colégio dos meninos. Eles estavam saindo aos poucos, mas já que minhas amigas estavam me ajudando a entregar, aproveitei pra procurar discretamente um menino em especial. Bem, e foi aí que vi Phillip passando pelo portão, distraído com seu celular.
Não demorou muito para que ele me visse, e sorrisse. Eu sorri para a mesma direção, fui chegando perto, abri meus braços, e... abracei Zac que vinha logo atrás.
- Kat! Que bom te ver! Salvou minha manhã! O que faz aqui, minha linda?
- Zac, querido! Bom te ver também. Viemos entregar meus convites. A propósito, aqui está o seu. Eu mesma fiz o favor de ficar com esse.
Continuamos a conversar, mas eu estava observando Phil com o canto dos olhos. Foi aí que me lembrei de algo. Me despedi rapidamente de Zac e fui a procura das meninas. Vi Ashlee chamando Phil com um envelope na mão. Andei um pouco mais rápido, passei por ela e o peguei. - Hum, melhor eu ficar com isso Ash, obrigada.
Ela ficou sem entender. Ele ficou sem entender. Até eu fiquei sem entender... o que tinha na cabeça quando escrevi seu nome em minha lista de convidados.
Bem, a manhã foi longa, só queria voltar para casa, assistir um bom filme de romance e tomar sorvete light de amora.

17 de novembro de 2010

Capítulo XI

Os dias estavam se passando tão depressa que eu mal conseguia pensar direito. Kayla estava faltando nas aulas, Monique estava mais animada do que eu com minha festa, Ashlee continuava com inveja dos outros, Zac continuava um fofo comigo e Phillip continuava me ligando. Foi aí que me lembrei de ver meus e-mails. Na viagem, havia anotado meu endereço no braço de Joe, mas não estava esperando que ele tivesse realmente me escrito. Me surpreendi porque seu nome estava lá e estava me provando que não havia me esquecido. Meu coração acelerou-se e quase saiu pela boca.

"Kat,

Não sei o que está acontecendo comigo, parece que você foi embora e me levou com você. Não consigo pensar em mais nada, nem em mais ninguém, a não ser em você. Acho que estou apaixonado. Fico desejando todas as noites ver o seu rosto de novo, segurar forte sua mão nas ondas fortes do mar e tirar fotos do seu sorriso.
Me lembro de quando você me disse o dia do seu aniversário, e sei que está chegando. O que gostaria de ganhar, que eu pudesse te enviar por correio? Me responda o quanto antes, se puder.

Com amor, Joe."

Respondi logo em seguida, já esperando ansiosa por um novo e-mail. Eu sinto tanto a falta dele e se pudesse, trocaria todos os meus perfumes importados e todos os meus esmaltes personalizados para vê-lo outra vez. Como você sabe, eu sempre consigo o que quero, e nunca preciso abrir mão de nada.

10 de novembro de 2010


Capítulo X

Estava com a cabeça tão lotada, tantas coisas pra me preocupar, tanta vingança em minhas veias, que até fiquei sem tempo de me lembrar que em duas semanas chegaria meu aniversário. Sou daquelas que planeja a festa do ano, tão comentada e esperada por todos. Fiquei bem desanimada, mas não podia decepcionar meus queridos amigos.
Já era tarde, todos em casa dormiam, até mesmo Brownie que estava deitado sob meus pés tirando um cochilo. Quer pantufa melhor? Aproveitei para fazer um rascunho da lista de convidados. E nisso foram se passando as horas, e já eram três da manhã quando me lembrei que não poderia chegar atrasada à aula novamente, pois ia ter um teste surpresa logo na primeira aula.
Sim, um teste surpresa que tem toda terça-feira, que somente Sra. Carter acha que ainda é surpresa. Eu sabia a matéria de cor e eu tinha talento para o francês, mas estava com notas baixas devido aos atrasos, pois a infeliz sempre anotava em sua caderneta e já corrigia minha prova valendo a metade da nota. Já usei todas as desculpas possíveis e nada ia me salvar.
Fui dormir com nomes berrando dentro de minha mente. Eram tantos convidados que, eles pareciam morar dentro de minha cabeça, e imploravam para entrar na lista e não serem esquecidos. Todo ano eu fazia isso, e normalmente, o convidado esquecido era alguém especial.
Precisava dormir, mas algo me mantinha acordada. Sentia falta de algo, muita falta. Acho que precisava fazer compras.




5 de novembro de 2010

Capítulo IX

Depois do intervalo voltamos para a sala e tivemos mais algumas aulas entediantes. Kayla não estava lá, mas ela não merecia que eu me importasse com ela.
Voltei para casa satisfeita, fui ao meu quarto e me joguei em minha enorme cama. O Brownie logo apareceu por entre os lençóis para me dar um oizinho.
- Brownie, danadinho. Ficou a manhã toda cochilando em minha cama, não é? Preciso confirmar seu horário no pet shop hoje.
Me levantei e fui até o interfone do lado da porta.
- Bertha? Minha mãe já chegou?
- Não ainda senhorita Kat, deseja alguma coisa?
- Hum, sim, na verdade. Pode ligar para o número anotado no bloquinho da cozinha, e confirmar o banho do Brownie? Ah, e me traga um sanduíche natural com suco de melancia, por favor.
- Claro senhorita, em alguns minutos.
Liguei a tevê e fiquei vagando pelos canais, sem interesse algum em assistir alguma coisa. O telefone tocou, mas esperei a Bertha atender lá em baixo. Segundos depois ela me comunicou pelo interfone que era pra mim.
- Oi, quem fala?
- Kat, por favor, me escute antes de pensar qualquer coisa. Kayla não teve culpa de nada, pois eu fui procurá-la. Se existe alguém que merece levar a culpa, esse alguém sou eu. Por favor, não faça nada com ela, ela está muito triste, me ligou aos prantos.
- Fiquei realmente comovida Phillip. É muito emocionante o modo com que você se preocupa com ela. Lindo vocês dividirem a culpa dessa maneira. Mas acredito que culpa você não tem, pois a partir do momento que você deixou de existir na minha vida, eu pouco me importava com o que você fazia ou deixava de fazer. Mas infelizmente, eu ainda tinha uma melhor amiga e não contava com a atitude dela. Kayla não traiu minha confiança, acabou totalmente com ela. Então, se já se foi toda a minha confiança, não vou deixar que se vá também, meu precioso tempo com essa ligação. Então, tenha uma boa tarde.
- Mas Kat, eu...
Então desliguei o telefone na cara dele. Quem ele pensa que é para vir defendê-la? Ele nunca me defendeu para ninguém. Nunca. As lágrimas voltaram, mas dessa vez estava no seguro do meu quarto. Peguei uma caixa detrás da cômoda, cheia de cartas de amor e ilusões que eu guardei com todo o carinho e sonhei acordada por meses e meses. Rasguei-as em pedacinhos e joguei tudo pela janela. Pontinhos brancos sendo levados pelo vento, se afastando cada vez mais. Me senti melhor.
Em seguida abri minha gaveta e procurei por uma coisa muito mais especial. Beijei a foto com muita saudade, e guardei Joe com todo o meu carinho na mesma caixa. O que ele estaria fazendo agora? Estaria tocando violão na praia para outra garota?