17 de setembro de 2010

Capítulo III

Desliguei o telefone e corri para o quarto. Abri a mala e tirei meu mais novo vestido bandage, preto básico. Um par de peep toe cor de melancia. Uma bolsa de mão preta com tachas. Um pouco de sombra preta rente aos cílios, rímel preto, e o mínimo de blush, só para dar uma coradinha. Perfume, brincos discretos, e um grande anel de pedra preta. Uma ajeitadinha no cabelo e, voilà. Quinze minutos depois ele apareceu em frente à minha casa em seu jipe vermelho. E eu, acostumada a sair com homens de BMW. Isso soou esnobe, mas foi apenas uma observação.
Abriu a porta e desceu lentamente, ou estava ficando louca? Era um filme? Se aproximou e me cumprimentou delicadamente, com um beijo em minha mão. Conversamos um pouco e ele me convidou a entrar no jipe. A noite estava perfeita. Lua cheia, noite quente. Fechei os olhos para sentir o vento em meus cabelos. Aos poucos comecei a ouvir uma música que ficava cada vez mais alta. Abri os olhos. O jipe parou em frente a uma casa. Era uma festa. Ele me explicou que só ficaríamos um pouco, pois prometeu à sua amiga que viria.
Uma festa em que não conhecia ninguém, e provavelmente me sentiria uma estranha. E não seria uma? Eu, Kat, que em minha cidade, sou convidada para tudo, aqui preciso acompanhar pessoas.
Enfim, festa é festa, e eu amo isso. Dançamos por horas, conversamos muito e realmente nos divertimos. Mas de repente começou a tocar "You and me" de Lifehouse, uma música que sempre ouvia Phillip cantando. Nunca achei especial, mas naqueles dias, tudo o que me lembrava ele, era especial. Senti um aperto tão grande.
Sai rápido para a varanda, que dava na praia. Nem olhei para trás. Não expliquei. Me sentei na areia, e chorei. Parecia que o barulho do mar saía de dentro de mim. A dor me inundava. Alguns minutos de silêncio. E Joe sentou ao meu lado.
O silêncio continuou. Ele sabia que eu não queria falar nada naquele momento. Me abraçou de leve, encostei minha cabeça em seu ombro. Como conseguia ser tão fofo?
Depois de um tempo, ele enxugou minhas lágrimas com os dedos e segurou minha mão. Eu queria falar.
- É muito triste sofrermos por um outro alguém que pouco se importa com você, não acha?
- Acho. Mas acho ainda mais triste você esconder seu sorriso lindo com esse choro.
Eu sorri um pouco, e me senti corada. E não, não era só o blush.
- Não quero mais pensar nisso, eu estou aqui, estou longe dele. Eu estou aqui, com você. Esse deve ser meu motivo para sorrir.
Ele retribuiu o sorriso e beijou minha testa.
E foi aí que eu pensei, nada melhor que acabar com as lágrimas, do que enfrentando-as.
- Será que a água está muito fria?
Levantei e o puxei pela mão.

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